terça-feira, 8 de novembro de 2011

A primeira de amor

Enrolei para começar esse blog. Assim, muito. Primeiro que eu tinha medo de abandonar meu blog oficial. Gosto dele, mas não tenho liberdade para escrever sobre tudo que gostaria. O que me levou à segunda questão: eu não queria ter que usar um pseudônimo só para proteger minha privacidade afeto-sentimental. Sim, escrever sobre tudo que gostaria = escrever sobre amor. Faz quase dois anos que levanto a bandeira da honestidade total e resoluta e me esconder atrás de um nome falso não me parecia muito sincero. E então comecei a dar aulas para o Doc.

Se eu me esforçar, provavelmente me lembrarei de como chegamos no assunto bizarro que seguirá, mas não o farei porque não vem ao caso. Importante mesmo é contar que o Doc me perguntou se alguma vez na vida eu já tinha fingido ser outra pessoa. "Like how?", perguntei. "Ah, inventar uma vida nova inteirinha. Criar detalhes dessa vida irreal e contar para as pessoas. Viver a vida desse personagem que você criou por uns bons três, quatro meses". Emudeci e nem por isso ele se sentiu desestimulado; rapidamente começou a me contar que uns 12 anos atrás, ao iniciar um curso de inglês, disse, para seus companheiros de aula, ser herdeiro de uma montadora de caminhões. E piloto de aviões nas horas vagas. "Eu assumi essa personalidade de bon vivant. Eles me viam como pegador e eu agi como tal. Mudei meu tom de voz, meu penteado. Passei a frequentar outros lugares. Tudo isso para vivenciar essa experiência ao máximo. Foi ótimo. Você deveia tentar." Todo mundo deve estar pensando que Doc é louco. Eu concordo. Doc é loucão, mas é, também, neurologista. E um neurologista com uma senhora reputação. Bróder, se um especialista em cérebros me conta que já fingiu ser outra pessoa, eu mega posso assinar como "Mariposa Apaixonada de Guadalupe" e ter um blog semissecreto.

Não?

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