Enrolei para começar esse blog. Assim, muito. Primeiro que eu tinha medo de abandonar meu blog oficial. Gosto dele, mas não tenho liberdade para escrever sobre tudo que gostaria. O que me levou à segunda questão: eu não queria ter que usar um pseudônimo só para proteger minha privacidade afeto-sentimental. Sim, escrever sobre tudo que gostaria = escrever sobre amor. Faz quase dois anos que levanto a bandeira da honestidade total e resoluta e me esconder atrás de um nome falso não me parecia muito sincero. E então comecei a dar aulas para o Doc.
Se eu me esforçar, provavelmente me lembrarei de como chegamos no assunto bizarro que seguirá, mas não o farei porque não vem ao caso. Importante mesmo é contar que o Doc me perguntou se alguma vez na vida eu já tinha fingido ser outra pessoa. "Like how?", perguntei. "Ah, inventar uma vida nova inteirinha. Criar detalhes dessa vida irreal e contar para as pessoas. Viver a vida desse personagem que você criou por uns bons três, quatro meses". Emudeci e nem por isso ele se sentiu desestimulado; rapidamente começou a me contar que uns 12 anos atrás, ao iniciar um curso de inglês, disse, para seus companheiros de aula, ser herdeiro de uma montadora de caminhões. E piloto de aviões nas horas vagas. "Eu assumi essa personalidade de bon vivant. Eles me viam como pegador e eu agi como tal. Mudei meu tom de voz, meu penteado. Passei a frequentar outros lugares. Tudo isso para vivenciar essa experiência ao máximo. Foi ótimo. Você deveia tentar." Todo mundo deve estar pensando que Doc é louco. Eu concordo. Doc é loucão, mas é, também, neurologista. E um neurologista com uma senhora reputação. Bróder, se um especialista em cérebros me conta que já fingiu ser outra pessoa, eu mega posso assinar como "Mariposa Apaixonada de Guadalupe" e ter um blog semissecreto.
Não?
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